Identificado regulador de um mensageiro cerebral crítico
Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia, São Francisco, identificaram a proteína que transporta o sinal químico de seu local de lançamento nas células nervosas, oferecendo um possível alvo para o tratamento de doenças como a doença de Alzheimer. A descoberta leva a várias possibilidades de terapia, pois o glutamato está encarregado de vários processos fundamentais tais como a percepção sensorial, aprendizado e memória. Logo, uma mudança em seu papel pode contribuir para muitas doenças cerebrais. A liberação de glutamato em excesso causa excitação excessiva do sistema nervoso, levando à convulsões, o que contribui para danos após derrames, à percepção da dor e mesmo à destruição de células nervosas associadas às doenças neurodegenerativas, incluindo-se Alzheimer, Parkinson e a esclerose lateral amiotrópica (doença de Lou Gehrig). Um medicamento que bloqueasse o transportador de glutamato, reduzindo sua concentração, poderia tratar tais doenças. Alternativamente, o aumento da quantidade de glutamato liberada de certas células nervosas poderia melhorar o aprendizado, as habilidades de memória e a função cognitiva geral. Se for este o caso, a terapia poderia simplesmente consistir da administração de um medicamento que aumentasse a expressão do gene que produz o transportador da proteína. A expressão aumentada resultante da proteína faria com que as células nervosas estocassem e liberassem mais glutamato. O autor sênior do estudo, publicado na edição de 11 de agosto da revista Science, é Robert H. Edwards, M.D., professor de neurologia e fisiologia. Os neurotransmissores são criados no interior da célula e bombeados, em grande quantidade, para o interior de vesículas sinápticas localizadas nas paredes das células nervosas denominadas "terminais", plataformas de lançamento das mensagens químicas da célula. Esta plataforma fica na extremidade do axônio, o qual se subdivide em milhares de ramos, cada um deles com um terminal próprio. Quando a célula nervosa é ativada, envia um impulso elétrico pelo axônio para o terminal, o qual estimula a vesícula para que a mesma migre para a membrana vizinha do terminal. Lá, funde-se com a membrana, criando um duto para a liberação dos neurotransmissores para as fendas sinápticas entre as células nervosas. Os neurotransmissores difundem-se pela fenda, ligando-se aos receptores das células-alvo, incitando uma resposta. Enquanto alguns neurotransmissores, tais como o GABA, transmitem sinais inibitórios que reduzem a excitação e a ansiedade e outros, tais como a dopamina e a serotonina, modulam a atividade dos circuitos neurais influenciando o humor e sono, o GLUTAMATO causa excitação, fazendo com que o cérebro permaneça em alerta, habilitando-o para lidar com os cálculos em que se baseiam a cognição e a maioria dos aspectos fundamentais do cérebro. Estudos prévios do grupo de pesquisa indicaram duas famílias de proteínas que atuavam como transportadores de vesículas sinápticas para a maioria dos neurotransmissores-chave, porém o transportador de glutamato ainda permanecia desconhecido. Agora, não apenas identificaram o transportador como descobriram que se trata de uma proteína que, aparentemente, tinha outra função. Anteriormente conhecida como transportador de fosfato inorgânico específico cerebral, esta proteína recebeu o novo nome de transportador de glutamato vesicular proteico, ou VGLUT1. Os pesquisadores observaram que esse transportador parece também possuir propriedade de outro tipo de transportador neuroquímico: um canal. Os canais permitem que um composto como o glutamato se mova de um compartimento com alta concentração para outro de baixa concentração, mas não o inverso, não pode bombear quantidades tão grandes de um composto para as vesículas quanto os transportadores, mas o fazem muito mais rapidamente, atendendo às necessidades do transporte de glutamato. |